A cultura do Nego d'água
Por Aurilio Marcos
O surgimento de lendas, a principal delas o nego
d'água, foi alvo de críticas e elogios, pois a lenda é
reafirmada por pescadores que assumem ter visto a
imagem lendária do boneco nos cascos das
embarcações.
A lenda do Nego d'água é o fomento ao ponto turístico
do bairro e visando alimentar essa cultura, a
Prefeitura Municipal de Juazeiro, na administração do
ex-prefeito Joseph Bandeira, criou o projeto de lei que
previu recursos para a construção de um boneco
semelhante ao Nego d'água.
O investimento de R$ 45 mil reais, gastos em vários
caminhões de areia, brita 104 sacos de cimento e
muita ferragem foi fundamental para que o artista
Ledo Ivo conseguisse criar uma escultura do Nego
d'água.
Inicialmente o esqueleto (ferragem do boneco) foi
montado em um muro no bairro Centenário, junto
com a estrutura de montagem da pedra a qual a
imagem do Nego d água se posiciona sentado.
Nas mãos do escultor regional Ledo Ivo, a lenda ganha
existência e forma, reforçando o mito contado há
tanto tempo pelos pescadores.
O Luis Andre, “O Lula”, pescador e contribuinte na
obra, relembra que Ledo projetou a escultura tendo
com referencia a ponte Presidente Dutra, pois queria
que as pessoas ao entrar na cidade visualizassem logo
o monumento a fim de se interessarem pelo que seria
um boneco de pedra parado no meio do rio.
Contudo, o vandalismo constitui se como fator
intrigante para os que cultivam a cultura do Nego
d'água, pois quando foi inaugurado dispunha de
iluminação. Hoje a ação de vândalos é responsável
pela escuridão ao qual esta exposto.
Outro fator de degradação da cultura do monumento
foi à recente queima de uma das antigas embarcações
que ficava abandonada próximo ao porto dos
pescadores, onde o nível do rio elevado fez, com a
ajuda de vândalos, o deslocamento da embarcação ao
encontro do boneco, danificando a sua estrutura
física.
Contudo apesar do descaso ao longo do tempo, o
bairro Angari é um local que incentiva artistas a
produzirem obras. A Musica “Lavadeiras do Angari”
de autoria e voz de Edesio Santos traz em sua letra o
resgate e a valorização do bairro pelas antigas
lavadeiras de roupa, pois foi no Festival Edesio Santos
da Canção que a musica ganhou reconhecimento
nacional e contribuiu para a cultura dos ribeirinhos.
A grande admiração e paixão que tinha pela cultura
dos ribeirinhos levaram os artistas, Euvaldo Macedo,
poeta e fotografo, e Paulo Marcos (Parlim), chargista,
a retratarem a cultura do Angari como documentário
interativo da essência do bairro. A partir de um ensaio
fotográfico das margens do rio, Euvaldo descobriu
boa parte da história do São Francisco no imaginário
dos moradores do Angari.
Ao longo de sua história e das suas tradições, o Angari
traz as marcas de um bairro cujo desenvolvimento
esteve sempre pautado aos aspectos positivos de
Juazeiro, seja pela representatividade cultural do
bairro, ou pela histórica existência da população, o
Angari é considerado, hoje, símbolo de respeito no
imaginário dos que por ali passam e o visitam.
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ResponderExcluirUM CERTO SER, Grupo Editorial Scortecci-SP segunda edição em 2.009.
Um capítulo (IV) trata do Caboclo (Nego) D'água do Rio São Francisco, numa viagem encantada desde a nascente em São Roque de Minas-MG até sua foz em Piaçabuçu, no Oceano Atlântico.
Por Giovanni de Paulo.